São Luís, 18 de setembro de 2019.
A segunda palestra de quarta-feira na 76ª Soea ficou a cargo do empresário Nilton Molina, presidente do Conselho Administrativo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, que abordou o tema “Longevidade e Previdência: Sociedade 6.0″. Do alto dos seus 84 anos e com um bom humor invejável, Molina avisou – principalmente para os profissionais “de cabeça pelada ou branca” -, que as transformações sociais que envolvem a longevidade chegarão com a força de um tsunami. A palestra, bastante concorrida, foi patrocinada pela Mútua.
O palestrante explicou que as mudanças no perfil etário da população, com a redução na quantidade de jovens e a ampliação do grupo de brasileiros acima de 60 anos tornarão a Previdência Social, baseada no modelo estatal, insustentável como ela é hoje. “A partir de um futuro não muito distante, as pessoas que antes chegavam aos 60, 65 inativos, continuarão trabalhando para poder se manter. Ajuda da família, talvez, mas não será mais possível contar com o apoio de uma previdência pública, como hoje. Em um futuro não muito distante, o benefício da previdência será de, no máximo, um salário mínimo”, avisou.
Segundo o especialista, as taxas de fecundidade dos brasileiros diminuíram bastante. As projeções indicam que, em 2034, as mulheres terão, estatisticamente, 1,5 filhos, em média. Com os avanços da medicina, por outro lado, quem nascer em 2042 terá uma expectativa de vida de 80 anos. Tal situação diminui bastante a quantidade de contribuintes e aumenta, de forma desequilibrada, a quantidade de aposentados e pensionistas, tornando o sistema brasileiro insustentável.
Molina lembrou que em lugares como o Japão e a China gasta-se com previdência muito menos do que no Brasil. “A grande questão que emerge desse admirável cenário, como dissemos, é o financiamento dos idosos. De quem será a responsabilidade?”, pergunta. Entre escolher o Estado, a família ou o próprio indivíduo, o palestrante concluiu sua apresentação com a certeza de que “isso ficará a cargo de cada um de nós”.
Para discorrer sobre os desafios comportamentais, econômicos e sociais da longevidade, o palestrante contou um caso que ilustra as mudanças no conceito de velhice no Brasil. Depois de uma reunião com um grupo de empresários na faixa média de 81 anos, o palestrante notou que todos voltaram para seus escritórios – para trabalhar mais. Segundo ele, são pessoas que não pensam em se aposentar, na acepção pejorativa da palavra. “E não poderá ser diferente, com milhões de brasileiros, uma vez que estatísticas irreversíveis apontam para a impossibilidade do Estado pagar a conta da aposentadoria num país que envelhece rapidamente” – afirmou.
Como, então, enfrentar o tal tsunami da longevidade? “Temos de refletir sobre quatro dimensões diferentes. Do ponto de vista individual, cada um terá de pensar em si mesmo, imaginando como será a qualidade da sua velhice. Do ponto de vista da família, teremos de pensar em quem vai cuidar dos nossos pais, esposas e filhos quando ficarem velhos. No aspecto profissional, vamos enfrentar dúvidas sobre a existência das nossas especialidades no futuro, como, por exemplo, a profissão de torneiro mecânico, que, como tantas outras, está em extinção. E, finalmente, temos de fazer uma reflexão olhando para o país: como ele vai subsistir sem o dinheiro para a Previdência”, concluiu.
Fonte: Gecom Mútua.
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