No segundo dia da 78ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), o destaque foi o Painel Mulher, que não apenas contou com palestrantes internacionais, mas também teve a presença do presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger. O evento foi enaltecido com a participação de muitas mulheres, algumas das quais até trouxeram seus filhos, incluindo bebês recém-nascidos.
Diante desse cenário, o presidente acolheu uma sugestão das participantes e anunciou seu plano de propor a criação de um espaço dedicado às crianças na próxima edição da Soea, que acontecerá em Salvador, em 2024. “Estamos empenhados em promover políticas inclusivas, e o conceito do ‘Crea Baby’ pode ser a oportunidade para que os cuidadores, em especial as mães que muitas vezes têm sua carreira interrompida, possam participar dessa oportunidade de reciclagem e networking que a Soea oferece aos participantes”, defendeu Joel. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas.
A proposta foi aplaudida pelos presentes e apoiada pela moderadora e conselheira do Crea-SP, eng. civ. Poliana Krüger: “O nosso conselho profissional é a nossa casa, então que venham os filhos. Vamos trabalhar para instituir o ‘Crea Baby’ e aumentar ainda mais a participação das mulheres no Sistema, que desde a criação do Programa Mulher aumentou de 14% para 19% “, pontuou Poliana. Na oportunidade, ela ainda falou sobre a atuação feminina no Sistema: “Das 27 unidades federativas, 20 já têm entidades de mulheres profissionais e recentemente foi instituída a Federação de Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências (Fameag)”, contabilizou a conselheira, que preside a Federação.
Mulheres na Construção
Durante o Painel Mulher, a representante da Organização Não Governamental (ONG) Mulher em Construção, Camila Alhadeff, apresentou o trabalho da instituição que tem como objetivo incluir a mulher periférica no mercado de trabalho da construção civil por meio da promoção da autonomia, da cidadania e do empoderamento.
“Ainda é muito disruptivo falar de mulheres na cadeia da construção civil, precisamos aumentar essa participação que hoje representa 10%. No decorrer de 17 anos de trabalho, capacitamos as mulheres para esse processo de inserção no mercado de trabalho, mas também preparamos as empresas para receber as mulheres”, informou a representante. Confira a íntegra da palestra.
Outra palestrante do evento, Adriana Alves, compartilhou suas perspectivas no Programa Mulher, concentrando-se na equidade racial e de gênero. Cofundadora da ELA, uma ONG empenhada em combater a violência doméstica e sexual, ela discutiu o trabalho significativo realizado pelas mulheres do Brasil. “Meu papel é mostrar para o mundo corporativo que precisamos de um ambiente mais diverso, que inclui mulheres, negros, representantes do movimento LGBTQI+, pessoas com deficiência. Não podemos deixar na mão de poucos decisões que são para todos. Precisamos de CEOs corajosos para transformar o futuro do trabalho, não existira futuro do trabalho sem todos à mesa”, disse Alves. Ela defende que os homens têm de ser os maiores aliados das mulheres. “Temos de aprender a fazer networking com eles fazem, a forma como se blindam, como conseguem ser estratégicos. A fortaleza está na questão relacional”, defendeu Alves.
Internacional
A vice-presidente do Conselho Profissional de Engenheiros Civis da Argentina, eng. civ. Alejandra Fogel, defendeu que o caminho para a igualdade de gênero não é uma meta tecnocrática, é um processo político. “Requer uma nova forma de pensar, na qual os estereótipos sobre as mulheres e os homens dão lugar a uma nova filosofia que reconhece todas as pessoas, independentemente do sexo, como agentes essenciais de mudança”, disse a palestrante. Fogel ainda apresentou a estrutura argentina que conta com o Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade e que em 2019 foi promulgada a Lei Micaela, que estabelece a obrigatoriedade de capacitação sobre gênero e violência de gênero para todas as pessoas que trabalham na função pública, em todos os níveis e hierarquias, no Executivo, Legislativo e Judiciário. Antes de encerrar sua participação, Fogel sugeriu para as instituições, como o Confea e os Creas, atuar em alianças entre os setores público e privado, para o desenvolvimento da profissão com equidade de gênero, promover o crescimento profissional feminino e oportunidades iguais de acesso posições hierárquicas incluindo treinamento e incentivo às especializações de pós-graduação: mestrado e doutorado.
A engenheira Ania Lopez, do Conselho Nacional de Engenheiros da Itália (CNI), compartilhou com os participantes dados do país. De acordo com os dados mais recentes disponível no Instituto Italiano de Estatística (ISTAT) sobre a força de trabalho (média do ano de 2021), estima-se que haja 277.000 mulheres na Itália com graduação em engenharia, o que representa 26,6% dos graduados no país. Lopez ainda comentou que há 10 anos foi criado o projeto de valorização da engenheira, pelo primeiro Conselheiro Nacional de Mulheres do Conselho Nacional de Engenheiros da Itália (CNI), que entre outros objetivos tem a meta de promover a inserção das mulheres em todos setores e trabalhar pela igualdade de remuneração.
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